A ENCRUZILHADA DA MAÇONARIA
Para reencontrarmos nosso caminho é necessário o convencimento de que nossa Ordem, a Maçonaria, é forte por si mesma: livre, independente e autônoma.
Se deixamos de fazer uso dessas características é porque outros "valores" se intrometeram em nossa dinâmica pelas mãos dos eternos caciques que tentam controlar tudo, e daqueles que, sob o disfarce de servirem a Maçonaria, vão construindo suas candidaturas ou garantindo um lugar ao sol dentro das Potências.
O único lugar ao sol existente na Maçonaria fica nos assentos entre as colunas, no Oriente ou nos altares, para aqueles capazes de contemplar a LUZ MAIOR do Conhecimento simbolizada pelo Astro Rei. Os demais pertencem à classe dos aventureiros.
Fazer Maçonaria não é falar grosso, e sim amar a sabedoria e buscar o conhecimento: "conhece-te a ti mesmo"! Maçonaria é um caminho e maneira de vida e ensina melhor quem coloca o exemplo de vida acima do palavrório. Pertencer à Maçonaria consiste numa permanente vontade de saber e não na constante vontade de poder. A postura do maçom é a de respeito intelectual pela verdade e não na reverência cega diante dos políticos profissionais – as raposas – estejam elas entre nós ou no mundo profano.
Aprendizes e Companheiros: despertem para este fato, pois cada um de nós pode contemplar a realidade tal qual ela é, mesmo dentro das atuais limitações de conhecimento. O subjetivismo dos que tentam nos enganar acaba por deformar a instituição para atender aos interesses pessoais. Se não reagirmos, em breve teremos que reformar toda a Ordem para que o espírito da Maçonaria seja preservado puro e imaculado. É isso que desejamos?
Felizmente essa reação já se esboça entre as novas gerações de maçons que identificam tais manobras e resistem contra elas, seja apoiando as direções das Lojas e das Potências quando alinhadas com os objetivos da verdadeira Maçonaria.
Alguém poderá perguntar: MAS QUAIS SÃO OS VERDADEIROS OBJETIVOS DA MAÇONARIA? E eu só poderia responder: "Se você pergunta quais são, é porque ainda não aprendeu o suficiente sobre Maçonaria (ou talvez nem devesse ter se afiliado...)." – desculpem minha franqueza.
Eu é que não entendo essa necessidade urgente que alguns apontam para que a Maçonaria se curve diante dos (maus) representantes do povo ou busque se justificar perante a sociedade bajulando uma determinada religião. Por que esta e não aquela?, perguntaria Voltaire.
As religiões têm força em si mesma e não precisam do aval da Maçonaria; nem a Maçonaria carece da aprovação delas. Deve prevalecer o respeito mútuo. Nossa Ordem não é uma religião, e como tal respeita todas e reconhece o bom trabalho que estão realizando; mas somos reciprocamente livres, independentes e autônomos. O mesmo se dá com a política: devemos votar conscientemente e eleger representantes dignos do mandato popular. Mas a Maçonaria não deve interferir na administração pública, assim como a política partidária não pode interferir na vida das Lojas e das Potências. A Maçonaria respeitas as leis do país e dá o exemplo disso, é o que nos basta. Nossa aliança preferencial deve ser com o povo, com os cientistas sociais, as universidades e as instituições não governamentais que apresentem um projeto ético e válido para "o bem estar da Pátria e da humanidade". Esta sim, é a boa política maçônica e profana para o século XXI. Por que este político e não aquele?, perguntaria Voltaire.
Estou falando de uma nação e de uma instituição milenar, não de uma coisa transitória como um partido político e suas frágeis alianças. Nesse aspecto, nossa vista tem que se voltar vigilante para os ambiciosos caçadores de assentos na administração pública e – pior ainda – na administração da Maçonaria, vestindo as peles de cordeiro com as quais disfarçam suas fomes vorazes de lobos de avental – "quero um malhete, custe o que custar", este o o uivo que temos ouvido por todos os vales.
O ano de 2014 colocará nossa Ordem à prova. Não só no país como no âmbito da Maçonaria, muitos acontecimentos haverão de demonstrar de que lado estão os protagonistas que pretendem ser lembrados no futuro – e o futuro é agora.
O objetivo das democracias é vivermos juntos, ajudar-nos mutuamente e sempre dizer NÃO aos preconceitos e fatores que distanciam o povo maçônico de suas lideranças. Não precisamos de cargos nem de posições elevadas para sermos dignos e respeitados. Olhemos primeiro, para a vida profissional, social e familiar dos que nos falam: esta é a lição do NÍVEL que devemos exercitar em 2014.
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José Maurício Guimarães